intertextualidade

SALA DE LEITURA
Na sala de leitura não cabe a tarjeta
O diário
A burrocratização
A que o novíssimo velho século XXI
Chegou impondo.
Na sala de leitura
não cabe o frio conceito
atribuído a números.
Na sala de leitura , caro leitor,
cabe Kasato Maru
Abaporu
Médico e monstro
Artur Bispo do Rosário
Kafka
E BANDEIRA
Com sua poética.
Kelly Castro dez/2008

POÉTICA (Manuel Bandeira 1886-1968)
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público
com livro de ponto espediente protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas.Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político Raquítico Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo.
De resto não é lirismoSerá contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc.
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clowns de Shakespeare.-
Não quero saber do lirismo que não é libertação.

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