PROGRESSO E MEDO NA ZONA LESTE
Com o prolongamento da Jacu-Pêssego, cerca de 10 mil moradores terão
suas casas desapropriadas
MARICI CAPITELLI, marici.capitelli@grupoestado.com.br
Em um ponto todas as partes envolvidas concordam: o prolongamento da Avenida Jacu-Pêssego, no trecho entre a Avenida Ragueb Chohfi, em São Mateus, e Mauá, no Grande ABC, é fundamental para o desenvolvimento da Zona Leste de São Paulo - onde moram quatro milhões de pessoas e 20% da população economicamente ativa está desempregada. Os especialistas garantem que além do impacto econômico com a geração de renda, a obra vai aliviar o tráfego local e melhorar o acesso a outras regiões. Haverá também um corredor de ônibus. E, no futuro, permitirá a ligação do Porto de
Santos ao Aeroporto de Guarulhos.
Os moradores que vivem ao longo dos 9,2 quilômetros planejados para a nova avenida querem o progresso, mas estão em pânico. Afinal, cerca de 10 mil pessoas terão suas casas desapropriadas. Estão em um embate com os empreendedores. 'Estamos com um problemão nas mãos', admite Paulo Vieira de Souza, diretor de engenharia da empresa de Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa).
A principal dificuldade é que esse novo trecho do complexo viário Jacu-Pêssego vai passar, justamente, por uma área densamente povoada e em sua maior parte por ocupação irregular. 'Por tudo isso é um empreendimento de grande impacto social', pondera o diretor. Ele compara, por exemplo, que o Rodoanel, que classifica como a maior obra viária do País, não teve tamanha desapropriação já que cortou regiões menos povoadas. No Trecho Sul, o número de famílias retiradas foi a metade do número
previsto para a nova avenida.
Novas oportunidades
Souza tem alguns argumentos a favor do empreendimento. 'A avenida trará empresas e vai gerar empregos em uma região que precisa disso. Isso sem falar quando estiver ligando o maior porto ao maior aeroporto da América Latina', justifica o epresentante da Dersa.
Entre os números apontados para justificar a importância da obra está o fato de que, enquanto a média de pessoas sem renda na Capital é de 10,43%, em Cidade Tiradentes o índice é de 15,62%, no Jardim Iguatemi fica em 16,18% e em Mauá, que receberá parte da obra, chega a 14,20%.
Júlio Fernando Scottini, coordenador do estudo de impacto ambiental da obra, que ainda não está concluído, diz que a avenida será importante, mas prefere se ater ao desenvolvimento local. 'O governo não consegue obrigar uma empresa a ir para uma determinada área, mas pode oferecer infra-estrutura', diz. Em sua avaliação, a mão-de-obra na Zona Leste é fácil não só pelo número de desempregados, mas também pelos trabalhadores que estão sendo qualificados por instituições como a USP Leste e a Fatec, que se instalaram na região.
O coordenador avalia que a obra,prevista para abril de 2010, já trará impactos positivos para a vizinhança. Pelos seus cálculos serão cerca de mil empregos diretos. 'Isso já movimenta e aquece o comércio local.' Scottini acredita que a nova avenida acabará atraindo um eixo de prestação de serviço e comércio. 'E talvez também indústrias que buscam melhor localização.'
Na opinião de Scottini, não é possível dimensionar o tamanho do desenvolvimento previsto. 'Porque depende de uma série de outras medidas que não só a obra viária.'
Miguel Rachid, diretor superintendente da Associação Comercial distrital de São Miguel, afirma que os benefícios são incalculáveis. 'A Zona Leste é a bola da vez.' Em sua avaliação, a Capital não tem mais como crescer para o Sul, por conta das áreas de mananciais, e nem para o Norte, por causa da Serra da Cantareira.
Pólo turístico
Rachid compartilha da mesma opinião de Scottini. 'Não adianta criar só uma avenida. São necessárias outras ações. Mas se essa obra não sair também acaba inviabilizando outros projetos', argumenta. Ele cita,por exemplo, que existe um projeto do Ministério do Turismo para um pólo turístico em São Miguel por causa da importância histórica daquela região.
'Mas as coisas se interligam já que para trazer turistas é preciso um sistema de transporte eficiente', completa.
NÚMEROS
4 milhões de habitantes é a população da Zona Leste
10.021 empresas de construção civil existem na região
21.708 são estabelecimentos comerciais dos mais diversos tipos
9.152 indústrias estão instaladas na área
14.565 prestadoras de serviços funcionam em toda a região
426.306 postos de trabalho são ocupados
20% da população economicamente ativa está desempregada
16.000 mil empresas estão instaladas em São Miguel Paulista
17.000 indústrias se localizam em Itaquera
suas casas desapropriadas
MARICI CAPITELLI, marici.capitelli@grupoestado.com.br
Em um ponto todas as partes envolvidas concordam: o prolongamento da Avenida Jacu-Pêssego, no trecho entre a Avenida Ragueb Chohfi, em São Mateus, e Mauá, no Grande ABC, é fundamental para o desenvolvimento da Zona Leste de São Paulo - onde moram quatro milhões de pessoas e 20% da população economicamente ativa está desempregada. Os especialistas garantem que além do impacto econômico com a geração de renda, a obra vai aliviar o tráfego local e melhorar o acesso a outras regiões. Haverá também um corredor de ônibus. E, no futuro, permitirá a ligação do Porto de
Santos ao Aeroporto de Guarulhos.
Os moradores que vivem ao longo dos 9,2 quilômetros planejados para a nova avenida querem o progresso, mas estão em pânico. Afinal, cerca de 10 mil pessoas terão suas casas desapropriadas. Estão em um embate com os empreendedores. 'Estamos com um problemão nas mãos', admite Paulo Vieira de Souza, diretor de engenharia da empresa de Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa).
A principal dificuldade é que esse novo trecho do complexo viário Jacu-Pêssego vai passar, justamente, por uma área densamente povoada e em sua maior parte por ocupação irregular. 'Por tudo isso é um empreendimento de grande impacto social', pondera o diretor. Ele compara, por exemplo, que o Rodoanel, que classifica como a maior obra viária do País, não teve tamanha desapropriação já que cortou regiões menos povoadas. No Trecho Sul, o número de famílias retiradas foi a metade do número
previsto para a nova avenida.
Novas oportunidades
Souza tem alguns argumentos a favor do empreendimento. 'A avenida trará empresas e vai gerar empregos em uma região que precisa disso. Isso sem falar quando estiver ligando o maior porto ao maior aeroporto da América Latina', justifica o epresentante da Dersa.
Entre os números apontados para justificar a importância da obra está o fato de que, enquanto a média de pessoas sem renda na Capital é de 10,43%, em Cidade Tiradentes o índice é de 15,62%, no Jardim Iguatemi fica em 16,18% e em Mauá, que receberá parte da obra, chega a 14,20%.
Júlio Fernando Scottini, coordenador do estudo de impacto ambiental da obra, que ainda não está concluído, diz que a avenida será importante, mas prefere se ater ao desenvolvimento local. 'O governo não consegue obrigar uma empresa a ir para uma determinada área, mas pode oferecer infra-estrutura', diz. Em sua avaliação, a mão-de-obra na Zona Leste é fácil não só pelo número de desempregados, mas também pelos trabalhadores que estão sendo qualificados por instituições como a USP Leste e a Fatec, que se instalaram na região.
O coordenador avalia que a obra,prevista para abril de 2010, já trará impactos positivos para a vizinhança. Pelos seus cálculos serão cerca de mil empregos diretos. 'Isso já movimenta e aquece o comércio local.' Scottini acredita que a nova avenida acabará atraindo um eixo de prestação de serviço e comércio. 'E talvez também indústrias que buscam melhor localização.'
Na opinião de Scottini, não é possível dimensionar o tamanho do desenvolvimento previsto. 'Porque depende de uma série de outras medidas que não só a obra viária.'
Miguel Rachid, diretor superintendente da Associação Comercial distrital de São Miguel, afirma que os benefícios são incalculáveis. 'A Zona Leste é a bola da vez.' Em sua avaliação, a Capital não tem mais como crescer para o Sul, por conta das áreas de mananciais, e nem para o Norte, por causa da Serra da Cantareira.
Pólo turístico
Rachid compartilha da mesma opinião de Scottini. 'Não adianta criar só uma avenida. São necessárias outras ações. Mas se essa obra não sair também acaba inviabilizando outros projetos', argumenta. Ele cita,por exemplo, que existe um projeto do Ministério do Turismo para um pólo turístico em São Miguel por causa da importância histórica daquela região.
'Mas as coisas se interligam já que para trazer turistas é preciso um sistema de transporte eficiente', completa.
NÚMEROS
4 milhões de habitantes é a população da Zona Leste
10.021 empresas de construção civil existem na região
21.708 são estabelecimentos comerciais dos mais diversos tipos
9.152 indústrias estão instaladas na área
14.565 prestadoras de serviços funcionam em toda a região
426.306 postos de trabalho são ocupados
20% da população economicamente ativa está desempregada
16.000 mil empresas estão instaladas em São Miguel Paulista
17.000 indústrias se localizam em Itaquera
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Rose Gimenes
MARCOS MURILLO