O rico folclore brasileiro
Quando se fala de folclore, e particularmente de folclore brasileiro, são muitas as definições já realizadas. Uma boa definição pode ser "os hábitos do povo, que foram conservados através do tempo". O certo é que o Decreto n. 56.747, de 17/08/1968, instituiu o 22 de agosto como o Dia do Folclore.
Segundo aquele que é considerado o maior nome dos estudos folclóricos no Brasil, Luís da Câmara Cascudo, "onde estiver um homem, aí viverá uma fonte de criação e divulgação folclórica".
É preciso lembrar que folclore é uma palavra de origem inglesa que pode ser explicada pela expressão conhecimento popular. Mas também é preciso discernir, entre as manifestações da sociedade, aquelas de natureza folclórica.
Para os especialistas, a quantidade de manifestações folclóricas é ampla. Abrange desde as lendas divulgadas por um povo até sua alimentação, seu artesanato, suas vestimentas, seus hábitos originais enriquecidos com outros novos ao passar do tempo.
Há uma marcante condição familiar na perpetuação da cultura folclórica: canções de ninar, cantigas de roda, brincadeiras e jogos fazem parte do cotidiano das relações familiares.
O Brasil possui um dos folclores mais ricos do mundo. Danças, festas, comidas, obras de arte, superstições, comemorações e representações fazem parte desse acervo.
As principais tradições folclóricas
As inúmeras manifestações dessa natureza são reconhecíveis nas lendas, superstições, danças, vestimentas, na alimentação, no artesanato, nos mitos e utensílios do povo. Mas há muito mais: as comemorações, os tecidos, as rendas, os adornos de miçangas e penas, os objetos de cerâmica, madeira e couro.
Com a crescente urbanização e industrialização das cidades das regiões Sul e Sudeste do Brasil, as manifestações folclóricas minguaram e não estão tão presentes no dia-a-dia dessas regiões. Em compensação, no Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil muitas tradições mantêm-se mais vivas do que nunca.
Para facilitar a compreensão da grande quantidade de informações relativas ao folclore brasileiro, serão apontados alguns exemplos de suas manifestações, explicando-as de acordo com a temática e a região a que estão vinculadas.
Algumas de nossas festas mais famosas são o
Carnaval, as festas juninas, a Folia de Reis, o Círio de Nazaré e o bumba-meu-boi.
O Saci-Pererê - É difícil alguém desconhecer a figura mitológica do Saci-Pererê. Personagem de vários livros, começou a aparecer na literatura no final do século XVIII e a partir daí nunca mais se retirou do universo fantástico da cultura popular.
O Saci-Pererê é um menino negro de uma perna só que fuma cachimbo e usa um gorro vermelho, que lhe dá poderes mágicos, inclusive o de tornar-se invisível. Tem a predileção de provocar as pessoas por meio de suas travessuras favoritas: perturbar a vida doméstica, apagando o fogo ou queimando os alimentos; esconder objetos nos momentos em que mais se precisa deles; espantar o gado; assustar viajantes solitários nas estradas com gargalhadas e assobios; trançar rabos e crinas de cavalos.
Sua presença é mais constante no folclore do Sul do país, especialmente nas regiões habitadas pelos tupi-guarani, de cujo idioma nasce o nome. Acredita-se que para se apanhar um saci deve ser usado um rosário, uma peneira ou dar três nós num pedaço de palha. Aparecendo e sumindo em meio a um currupio de vento, o Saci-Pererê não faz mal a ninguém, é apenas uma criança brincalhona.
A Mula-Sem-Cabeça - Ela também é conhecida como Burrinha, Mula-do-Padre ou Cavalo-Sem-Cabeça. Mas esse ente sobrenatural muito divulgado no Brasil atende pelo nome de Mula-Sem-Cabeça. Mato Grosso e Goiás são os estados onde é mais lembrado. O mito da Mula-Sem-Cabeça refere-se a uma mulher que teve um romance com um padre e, por isso, se transforma na noite de quinta para Sexta-Feira da Paixão em um animal que galopa soltando fogo pelas narinas. Trata-se de um animal forte, bravio, que possui fortes patas, calçadas com ferraduras, que podem ser de aço ou prata. Relincha tão estridentemente que pode ser ouvido ao longe; algumas vezes geme como um ser humano e solta fogo pelo pescoço. Se alguém muito corajoso se habilitar a quebrar seu encanto, basta picá-la com um alfinete. Se sangrar, a magia se desfaz.
O Caipora - Ele é muito respeitado pelos caboclos caçadores, que o temem. Ele é um espírito que, dizem, pode aparecer sob a forma de moleque peludo e pelado, montado num porco-do-mato, ou como um indiozinho, ora com os pés normais, ora com um só, como o Saci-Pererê.
Ele tanto pode ser chamado de Caipora como de Caapora, mas todo mundo sabe que é louco por fumo, parando todo viajante para conseguir uma pitada.
O Caipora tem a função de proteger os animais selvagens e prejudicar os domésticos. Chegam a afirmar que é capaz de ressuscitar animais mortos.
Os caboclos caçadores seguem algumas regras: não perseguem fêmeas grávidas e nem filhotes de qualquer animal, não caçam às sextas-feiras em noites enluaradas, nem aos domingos e dias santos.
Sobre o folclore, leia também:
» Armazém do Folclore, de Ricardo Azevedo.» Meu Livro de Folclore, de Ricardo Azevedo.» A Risada do Saci, de Regina Chamlian.» História de Trancoso, de Joel Rufino dos Santos.» Comadre Florzinha contra a Mula-Sem-Cabeça, de Regina Chamlian.» Histórias de Fadas e Prendas, de Maria Dinorah.» Berimbau, de Raquel Coelho.» A Magia da Árvore Luminosa, de Rosana Bond.» Terror na festa, de Janaína Amado.» O Vampiro que Descobriu o Brasil, de Ivan Jaf.
Fontes consultadas:Antologia do Folclore Brasileiro, de Luís da Câmara Cascudo. São Paulo, Global, 2001.Almanaque Abril 2001 - Brasil. São Paulo, Abril, 2001.

Comentários

Anônimo disse…
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